sexta-feira, maio 11, 2012

Nossa Missão em Guiné Bissau Entrevista a ACP ( Associação Central Paranaense )

MISSÃO GLOBAL

http://www.usb.org.br/acp/missao/noticia/entrevista-deus-est-no-comando-6264


27/04/12

Entrevista: Deus está no comando

MISSIONÁRIO RELATA EXPERIÊNCIA EM CONTINENTE AFRICANO E O CRESCIMENTO DA IGREJA EM GUINÉ-BISSAU

Pouco mais de um ano desde que deixaram o Brasil para atuarem como missionários em Guiné-Bissau, na África, o pastor Rodrigo Assi e sua esposa, professora Gabriela Assi, conduziram e presenciaram diversas transformações de cunho evangelístico e educacional na capital do país. Enviados com o intuito de apoiar a Igreja, construir novos templos e fortalecer o Sistema Educacional Adventista, eles se dedicam a uma obra repleta de desafios, mas que, como garante o pastor Assi, é conduzida por Deus. Nesta entrevista, ele compartilha suas impressões sobre o trabalho realizado até agora e a situação atual do país, vítima de um golpe de Estado desde o dia 12 de abril deste ano.


Quais foram as principais dificuldades que vocês encontraram ao chegar ao país?
Fomos enviados a Guiné para realizar um trabalho totalmente direcionado a área evangelística. No entanto, ao chegar ao país, nos deparamos com uma igreja totalmente despreparada para isso. A questão da estrutura física dos templos, a falta de recursos materiais e da questão cultural, que é muito forte, foram algumas das dificuldades que encontramos. Em primeiro lugar, não possuímos igrejas construídas. A maioria de nossos irmãos se reúne em salas de aula cedidas, pequenos cômodos de casas e lugares alugados em péssimas condições. Alguns deles já não conseguem comportar os próprios membros. Diante disto, tivemos de mudar completamente nossa linha de trabalho e estratégia, dando atenção especial ao treinamento e discipulado, bem como visitação pastoral, classes bíblicas e trabalho de motivação junto aos membros. 

Como vocês foram recebidos tanto por membros quanto pela comunidade local?
Os irmãos nos receberam de uma forma muito calorosa e acolhedora, e a comunidade local tem um respeito muito grande pelos brasileiros em geral.

E quais os projetos implantados até o momento?
Nossa igreja é, em sua grande maioria, composta por jovens, que chegam a praticamente 97%. Partindo destes números, tivemos que trabalhar para usar o talento deles nos seguintes projetos: Fundação de Clube de Desbravadores; Implantação de Pequenos Grupos e Duplas Missionárias; Classes Bíblicas; Pequena biblioteca em cada Grupo (nossos irmãos amam a leitura, no entanto, não possuem livros. Por meio de doações de brasileiros, conseguimos alguns exemplares ); Projeto "Irmão que ama irmão presenteia com a lição". Quando chegamos, nem 5% de nossos membros possuíam a lição da Escola Sabatina. Hoje, por meio desta iniciativa, que conta com a participação de irmãos das igrejas do Brasil, 100% deles agora possuem o material; Domingo Total, um dia todo com atividades e gincanas com os jovens; Bolsa de estudos nas Escolas Adventistas; Apadrinhamento de alunos por parte de brasileiros; Projeto de Evangelismo Público em parceria com Núcleo de Missões e Crescimento de Igrejas (Numci), do Centro Universitário Adventistas de São Paulo (Unasp), campus 2; Projeto de Construção de Igrejas; Projeto de Construção da Escola Adventista Betel.

Que crescimento a igreja teve desde que vocês chegaram ao país?
Com a ajuda de Deus conseguimos resgatar jovens que estavam afastados, reativar um grupo que estava quase acabado, envolver os membros nas atividades missionárias da igreja e, através do Evangelismo, trazer mais de 60 pessoas aos pés de Jesus. O crescimento não foi significativo somente no número de membros, mas também em relação à assistência aos cultos e participação ativa nos Departamentos. 

De que forma você avalia o que foi feito até agora?

Deus nos abençoou muito durante todo este período. Conseguimos muitas conquistas e um significativo progresso para a obra em Guiné, tudo isso com a ajuda e acompanhamento do Numci, União Sul Brasileira (USB) - Sede administrativa da Igreja Adventista para os Estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul -, Associação Central Paranaense (ACP) - Sede administrativa da Igreja Adventista para a região central do Paraná -, igrejas, pastores, empresários e adventistas brasileiros que estiveram nos apoiando em todos os momentos. A Igreja e as escolas,  bem como a motivação dos membros, cresceram de uma forma incrível.

Como os brasileiros estão contribuindo com esse desafio? 

Sem a parceria com nossos irmãos brasileiros seria praticamente impossível desenvolver nossos projetos no país. Por meio do NUMCI conseguimos realizar todo o trabalho evangelístico. A USB e ACP nos proporcionaram o envio de um Container com materiais para Guiné, já que nem mesmo folhetos possuímos lá; e a construção da primeira igreja contando também com doações de empresários e irmãos. Lembrando também que o que mantém o combustível nos geradores, as lições, confecção de uniformes dos Desbravadores, possibilidade de estudo aos alunos nas escolas, compra de materiais e ajuda às famílias em necessidade para comprar remédios, comida e roupas, são exclusivamente as doações de nossas igrejas e membros.

Que estratégias vocês têm usado para atingir interessados?

Evangelismo da Amizade, séries sobre família e relacionamento nos Grupos, projetos comunitários a serem desenvolvidos com os Desbravadores, projetos especiais com alunos na Escola Adventista Betel. A Escola Adventista é nossa porta de entrada para os Muçulmanos. Temos muitos alunos filhos de militares e políticos que participam das meditações diárias e capelas mensais.   Faltam recursos materiais para uma abordagem maior, mas estamos usando os talentos e disposição de nossos jovens para procurar interessados. 

Que importantes portas foram abertas até agora?
A forte relação com a Missão Adventista de Guiné-Bissau nos dá a oportunidade de recebermos futuros missionários no país. Deus fez com que a nossa presença e atividades aqui proporcionassem as parcerias de construção. Temos planos, encabeçados pelo Numci, de uma parceria médica com o país. O plano é que médicos, dentistas e profissionais da área da saúde, de forma voluntária, venham a Guiné por um período de 15 a 20 dias e realizem atendimentos e cirurgias.

Vocês enfrentaram alguma dificuldade política ou tiveram atritos com membros de outras religiões?
 A luta espiritual é constante em um país composto por uma população de 50% de animistas (cultivam crenças tradicionais africanas) e 45% são islâmicos, mas Deus nos tem guiado e protegido, e até agora nada de mal aconteceu.
Em relação ao país, infelizmente estamos passando por esse momento de dificuldade política. Ele passa por um forte Golpe Militar, onde as fronteiras estão fechadas e as pessoas já sentem necessidades. Tudo está parado, bancos, escolas, comércio. É um momento muito delicado e de cautela. Minha esposa estava em Guiné [e chegou hoje, 27 de abril] e eu no Brasil. Vim para participar de algumas reuniões com empresários para firmar parceria na construção das igrejas e escolas. Não esperávamos que isto pudesse acontecer. Ninguém entra ou sai do país.
Guiné já passou por uma forte guerra civil na década de 90 e não queremos que isso venha a acontecer novamente. Estamos orando e em uma forte corrente por todo o Brasil para que isso não aconteça e tudo seja ultrapassado. Confiamos que por intermédio de Deus tudo se resolverá.



Em relação à atual situação do país, de que forma isso afeta o trabalho que vocês desenvolvem?
Infelizmente, durante esse período tudo fica parado. Mesmo a locomoção pelas ruas é dificultada pelos militares. Nosso desejo era de neste momento estar ao lado de nosso povo guineense, mas as condições não são boas para a permanência de estrangeiros no país. Por isso, minha esposa está voltando para o Brasil. Aguardaremos aqui até que as coisas melhorem e, se Deus permitir, voltaremos para prosseguir com nossa missão.

Que problemas a população enfrenta no momento?
A entrada de comida no país é pelo porto, que no momento está fechado. A comida já se torna escassa e a valores abusivos. Infelizmente, já temos pessoas passando por necessidade. O Hospital também está fazendo poucos atendimentos e a água está  racionada.

E qual é a condição dos adventistas? Como estão se portando?
A igreja está em oração. Não há muito a ser feito. Estamos tentando ajudar no que é necessário, mas também não possuíamos muito dinheiro no país, e como os bancos estão fechados, não há como enviar mais. Esta semana a Gabriela me disse que conseguiu comprar um saco de 20 kg de arroz para uso próprio, mas diante da necessidade de nossos irmãos ela decidiu doar o arroz e dividiu entre duas famílias que já estavam passando fome.

Em um momento como esse, como fortalecer a igreja e inspirá-los a confiar em Deus?
É um momento delicado, mas nossos irmãos têm uma fé genuína e não desistem diante das provações. Estamos unidos em oração, confiantes de que Deus não desampara o justo e que Ele está no comando de tudo. O que os fortalece são as promessas do Pai diante das dificuldades e a certeza da vitória. Tenho plena certeza que quando isso tudo passar, nossa Igreja se erguerá mais forte ainda e conseguiremos trazer muitos às fileiras de Cristo.

Quais são seus planos diante deste acontecimento?
Aguardar em oração. Estamos prontos para a luta. Nossa missão vem do Pai e nada que o inimigo venha a fazer impedirá que a cumpramos. Nosso desejo é estar ao lado deste povo que tanto amamos e fazer com que todos conheçam a mensagem de um salvador crucificado, ressurreto e prestes a vir. Deus está no comando!

Nota: Antes mesmo de deixar o Brasil, os missionários passaram a alimentar um blog para relatar as atividades desenvolvidas em Guiné-Bissau. Acesse-o no endereço http://missionariosalemmar.blogspot.com.br/, acompanhe o trabalho que eles desenvolvem e saiba como colaborar.

Fotos: Márcio Tonetti e arquivo pessoal
por Jefferson Paradello
Associação Central Paranaense

Um comentário:

  1. Sabem alguma informação sobre os seguintes Pastores: Luis Nanque e Manuel Antonio Siga de Bissau? Me envie notícias sou contemporâneo deles durante os anos 90 quando estudamos no SALT IAE, atual UNASP 2 no curso de Teologia. Deus seja sempre com o vosso trabalho em Cristo Jesus. Sergio Murback

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